quarta-feira, 24 de junho de 2015

#9 Luto é verbo

Só quem teve uma grande perda na vida sabe o significado do título desse texto. Primeiramente é necessário saber que ninguém é diferente de ninguém. Todos nós seres humanos estamos sujeitos à dor, ao medo, aos sentimentos mais obscuros, por mais fortes que nos façamos. O luto é sem dúvida alguma a dor mais difícil de superar. Estar enlutado é lutar contra lembranças fraternas que causam saudade, arrependimento e uma vontade angustiante e sufocante de voltar no tempo. Quem manja de gramática deve ter percebido que minhas últimas palavras acima foram verbos. Sim, o luto é sentimentalmente um verbo. 



É derivado de lutar! Lutar contra a dor, contra os pensamentos, contra o arrependimento de não ter aproveitado mais a presença, de não tido aquelas palavras, de não ter dado mais valor à alma de quem foi. Assim, luto também é verbo de sofrer! Sofrimento angustiante, que maltrata, que não tem pena. Todos tentam se agarrar numa força fictícia que nos é oferecida pelas pessoas que vem de fora e não conhecem a verdadeira dor da falta. Nunca deseje força a alguém enlutado, ofereça o seu silêncio e seus braços! Daí a pessoa descobrirá que a verdadeira força para superar a dor da ausência está gravada na pedra da memória do coração, aquela em que insistimos em apenas gravar as memórias e não as contemplar pela sua beleza e pela magnitude que foi o momento. 



Luto também é verbo de chorar, de derramar lágrimas pelo que foi projetado pela mente e que o destino, impiedoso e implacável, decidiu abreviar antes da nossa própria vontade. Enfim, essa é minha breve declaração sobre o luto que é um sentimento obscuro, necessário para uma reflexão mais aprimorada das mudanças que ocorrem nas vidas. Que todos façam do luto uma lição para superação pessoal, não algo que o perturbe, que o afogue num lago de angústia e impeça de enxergar que a vida pode sim parar para uns, mas para nós ela continua seguindo.


Não tenha pena dos mortos, tenha pena dos vivos, e acima de tudo, daqueles que vivem sem amor” (Harry Potter e as Relíquias da Morte)

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