sexta-feira, 4 de novembro de 2016

#43 Sobre o 1º episódio da 7ª temporada de The Walking Dead




*ALERTA DE SPOILER*

Esperei passar o borborinho meteórico que o episódio de abertura do sétimo ano causou para falar um pouco melhor dele, o que ele representou pra mim, fã de The Walking Dead, leitor das HQs desde 2009 e que acompanha a live action  desde 2010. Quando o produtor excecutivo e criador de The Walking Dead, Robert Kirkman disse que a sétima temporada da série derivada seria a mais fiel à HQ ele mentiu descaradamente já no primeiro episódio. Talvez eu seja um dos poucos fãs do material original e da série que não gostou de muitos aspectos desse início do novo ano do show televisivo, e eu vou explicar o por quê.

- Negan é um sociopata, não um psicótico babaca!



No material original, quando é apresentado ao grupo de Rick, Negan se mostra um tipo diferente de vilão. O tipo de vilão que é sumariamente desprezado por Hollywood e pelas séries de tv: os sociopatas. Acredito que apenas Dexter tenha conseguido se consagrar no meio dessa mesquinharia, mas não dá pra negar que o Negan da série é um completo babaca psicótico. Esclarecendo:  na HQ, assim como na série, Negan matou para mostrar ao grupo de Rick que detinha o poder sobre eles. MAS... ele não ficou com aquele falatório desnecessário que vimos nesse primeiro episódio horroroso! Não, Negan chegou, disse que o grupo de Rick o pertencia, matou Gleen e voltou embora pra sua base. Naquela altura, Abrahan já havia sido morto por Dwight (na edição 97 da HQ) com uma flechada na nuca. Foi uma demonstração de poder totalmente desnecessária na série, como se o personagem não tivesse magnitude para fazer tal coisa em menos de 30 minutos, como ocorrido naquela fatídica edição 100 da HQ, e sim em mais de duas ou três horas.
Não desmerecendo a atuação impecável de Jeffrey Dean Morgan, mas aquele Negan que ele caracterizou está muito longe do verdadeiro.

- Pressão psicológica desnecessária



Quem acompanha a série desde o início e não se faz de cego, deve saber que a mesma não lida bem com continuidades que envolvam pressões psicológicas. Basta relembrar a péssima terceira temporada que começou promissora, mas que, depois da morte chocante de Lori ao dar à luz a Judith, se perdeu. Esse primeiro episódio proporcionou uma pressão infinitamente maior do que aquela do terceiro ano e preocupa o fato de como isso será trabalhado daqui em diante. Convém lembrar que todos estão em estão em estado de choque e de luto e essa sequência precisa ser trabalhada com cuidado.

- Maggie fica mais forte logo após a morte de Gleen



Foi simplesmente patética a reação da Maggie quando o grupo de Negan se retirou do local da carnificina. Aquele chororô e "eu preciso ir, vão embora" decepcionou até quem só acompanha a série. Esperava-se da Maggie da série o mesmo que houve com a Maggie da HQ: assim que Negan virou as costas, ela desceu a porrada no Rick até deixar metade da cara dele desfigurada. Mostrou quem era o porto seguro do grupo a partir daquele momento, deu motivos para iniciar a marcha para a guerra, iniciando um dos arcos mais incríveis das histórias em quadrinhos, tornando-se a implacável líder de Hillptop. Torço para que a Maggie live action amadureça de uma forma concisa, que faça jus à obra original.

- Negan falou menos de dez palavrões.

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E infelizmente, tudo se resumiu em "shit" e "holly crap"! "VAI TOMAR CU DA PORRA DA BUCETA FUDIDA DO CARALHO DA MERDA!" O Negan que eu aprendi a amar a odiar não poupava os palavrões! A série precisa perder esse medo de colocar palavras de baixo calão na boca de um personagem que tem os palavrões como marca registrada! Quando mata o Gleen na HQ, um festival insano de palavras sujas é descrito, causando um impacto ainda maior ao fato. Nos Estados Unidos, a série tem classificação indicativa equivalente para maiores de 16 anos no Brasil. Uma pessoa dessa idade com certeza já tem um pacote de palavrões bem conhecido. Dá pra colocar as palavras sem medo!

- O que esperar?



Apesar de, para mim, ter sido um episódio que ultrapassou os limites do bom senso, é necessário recordar que a série somente usa a HQ como base e segue um rumo um pouco diferente. Claramente eu aceito isso, a questão torna-se um pouco mais grave porque, em se tratando de alguns personagens potencialmente bons da história original, a série derrapou. Exemplos como Andrea (ainda viva e par romântico de Rick), Dale (que morreu muito tempo depois do que apresentado na série), O Governador e Michonne estão aí e não me deixam mentir. Espero que a série realmente siga a sua promessa e se aproxime mais de suas origens e não nos decepcione com os grandes novos personagens que vem por aí.