quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

#45 Não estamos sós

Como ainda podemos nos sentir sós num mundo tão conectado, onde temos tanto acesso à informação, onde podemos nos comunicar com tanta facilidade uns com os outros? A resposta é simples, ao mesmo tempo indigesta: solidão tem a ver com algo mais profundo do que a presença de pessoas ao nosso lado, do que movimento das gentes, do que estar ou não conectado ou acompanhado.

A prova disso é que alguns podem passar muito tempo sozinhos e não se sentirem sós. Outros, por sua vez, podem ter cônjuge, filhos, contarem amigos às centenas nas redes sociais, mas sofrerem de imensa solidão. Nietzsche, que pessoalmente falando é mestre quando se fala de sentimentos profundos, principalmente a solidão, foi capaz de dizer com todas as letras: Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou com a ausência das pessoas.




A solidão patológica, que se instala como gigante da alma, tem a ver com a distância entre o ser e sua essência. Tem a ver com o vazio que ainda reina absoluto na pessoa. Há um imenso espaço a preencher dentro de muitos, um espaço que apenas agora está sendo descoberto. Um universo onde ainda reina o silêncio – um silêncio incômodo, que tentamos preencher com os barulhos do mundo.

É por isso que falamos tanto e ouvimos tão pouco. Por isso buscamos tanto entretenimento e tão pouca cultura. Por isso apreciamos locais e músicas ruidosos. Tudo isso nos afasta do silêncio. O silêncio nos assusta. O silêncio nos força a ouvir os ecos da alma, nos força a olhar para dentro, a nos encontrarmos.




Mas é justamente aí que está o caminho para tratar a solidão. Temos que buscar nossa essência através de dois grandes movimentos: primeiramente, amando a nós mesmos e em segundo lugar, a lição que aquele cara polêmico nos deixou: amando ao próximo. A lição é bem velha, por assim dizer. Já fomos orientados, há muito tempo (2017 anos, aproximadamente), sobre esse movimento em direção a Deus: nós e o nosso próximo neste caminho.

Conhecendo-nos, aceitando-nos, podemos dar os primeiros passos no rumo do que pode ser chamado de auto-amorAuto-perdão, disciplina, persistência são outros componentes importantes desse processo, que é longo, mas que precisa ser iniciado com urgência. Ao mesmo tempo, o amor ao próximo irá nos mostrar como nos preencher interiormente de outra forma. A lâmpada que ilumina o caminho de alguém, antes de tudo, clareia a si mesma.




Quem se ama se sente pleno. Quem ama o próximo se completa. Quem ama a si mesmo, nunca se sente só. Ao invés de querermos a companhia de alguém, nos tornamos companheiros de nós mesmos. Ao invés de desejarmos que satisfaçam nossas carências, atenderemos as carências alheias. Quem é solidário, nunca estará solitário.

Não estamos sós, embora nosso coração ainda se sinta dessa forma. O mundo talvez não nos trate da maneira como desejaríamos. Criamos expectativas que se frustram com frequência. Pessoas que desejam nosso bem estão sempre ao nosso lado. Conversemos mais com eles. Paremos um pouco, façamos uma reflexão, em qualquer lugar, quando sentirmos vontade, e não nos sentiremos mais assim. Percebamos a vida pulsando à nossa volta.

Não estamos sós.





Adaptção.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

#44 Você já procurou entender o outro lado?

Dias desses eu estava proseando com um amigo que é empresário. Ele estava me contando da solidão que estava sentindo devido aos problemas pessoais que estava enfrentando. Somado a isso, ele também estava tendo alguns contratempos na empresa, uma vez que alguns funcionários estava pedindo regalias aquém daquelas que ele poderia oferecer. Conversamos e ele desabafou dizendo que para alguns funcionários, o que ele dizia era simplesmente a famosa conversa de patrão.



Eu realmente não sou ninguém dentro dessa massa de quase 7,5 bilhões de pessoas pra aconselhar, mas disse para ele estimular os sentimentos, deixá-los claros aos seus subordinados, afinal, ele também é humano.

O ponto que quero chegar aqui é um pouco "polêmico" por assim dizer. Vivemos hoje numa era em que quase todos julgam as pessoas por trás de telas de computadores e smartphones, temos a nossa opinião e julgamento automaticamente formados através de um título de notícia, mas não lemos a notícia em si para pensarmos um pouco mais e se colocar no lugar dos envolvidos nela.



É necessário que nos indaguemos do seguinte fato (usando meu amigo de exemplo): todos os nossos patrões, por mais ou menos autoritários que sejam, são humanos também. Eles, assim como nós, choram, sentem fome, calor, frio, vão ao banheiro urinar e defecar, amam, sorriem, brincam, brigam... são humanos como nós

Eu sempre defendo o debate de ideias, a igualdade, a resiliência, a solidariedade. Convém sempre que nos deparamos com alguma insatisfação, debatermos sempre a melhor forma de resolucioná-la. Parece aquele clichê desajeitado do tipo "eu sei disso" mas infelizmente, nos dias atuais, as pessoas estão mais empenhadas em procurar pelos em ovos do que sossegar um pouco na santa paz!

No sentido literal da coisa, a mensagem que estou tentando passar aqui é: sejamos mais altruístas. Sei que não é fácil se colocar no lugar das outras pessoas e muitas vezes, elas agem de má fé mesmo, mas nem todos são assim. Muitas vezes, precisamos entender que além de nós, os outros ao nosso redor também passam por dificuldades, e também como nós, não escolheram tê-las. Pensemos nisto.


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

#43 Sobre o 1º episódio da 7ª temporada de The Walking Dead




*ALERTA DE SPOILER*

Esperei passar o borborinho meteórico que o episódio de abertura do sétimo ano causou para falar um pouco melhor dele, o que ele representou pra mim, fã de The Walking Dead, leitor das HQs desde 2009 e que acompanha a live action  desde 2010. Quando o produtor excecutivo e criador de The Walking Dead, Robert Kirkman disse que a sétima temporada da série derivada seria a mais fiel à HQ ele mentiu descaradamente já no primeiro episódio. Talvez eu seja um dos poucos fãs do material original e da série que não gostou de muitos aspectos desse início do novo ano do show televisivo, e eu vou explicar o por quê.

- Negan é um sociopata, não um psicótico babaca!



No material original, quando é apresentado ao grupo de Rick, Negan se mostra um tipo diferente de vilão. O tipo de vilão que é sumariamente desprezado por Hollywood e pelas séries de tv: os sociopatas. Acredito que apenas Dexter tenha conseguido se consagrar no meio dessa mesquinharia, mas não dá pra negar que o Negan da série é um completo babaca psicótico. Esclarecendo:  na HQ, assim como na série, Negan matou para mostrar ao grupo de Rick que detinha o poder sobre eles. MAS... ele não ficou com aquele falatório desnecessário que vimos nesse primeiro episódio horroroso! Não, Negan chegou, disse que o grupo de Rick o pertencia, matou Gleen e voltou embora pra sua base. Naquela altura, Abrahan já havia sido morto por Dwight (na edição 97 da HQ) com uma flechada na nuca. Foi uma demonstração de poder totalmente desnecessária na série, como se o personagem não tivesse magnitude para fazer tal coisa em menos de 30 minutos, como ocorrido naquela fatídica edição 100 da HQ, e sim em mais de duas ou três horas.
Não desmerecendo a atuação impecável de Jeffrey Dean Morgan, mas aquele Negan que ele caracterizou está muito longe do verdadeiro.

- Pressão psicológica desnecessária



Quem acompanha a série desde o início e não se faz de cego, deve saber que a mesma não lida bem com continuidades que envolvam pressões psicológicas. Basta relembrar a péssima terceira temporada que começou promissora, mas que, depois da morte chocante de Lori ao dar à luz a Judith, se perdeu. Esse primeiro episódio proporcionou uma pressão infinitamente maior do que aquela do terceiro ano e preocupa o fato de como isso será trabalhado daqui em diante. Convém lembrar que todos estão em estão em estado de choque e de luto e essa sequência precisa ser trabalhada com cuidado.

- Maggie fica mais forte logo após a morte de Gleen



Foi simplesmente patética a reação da Maggie quando o grupo de Negan se retirou do local da carnificina. Aquele chororô e "eu preciso ir, vão embora" decepcionou até quem só acompanha a série. Esperava-se da Maggie da série o mesmo que houve com a Maggie da HQ: assim que Negan virou as costas, ela desceu a porrada no Rick até deixar metade da cara dele desfigurada. Mostrou quem era o porto seguro do grupo a partir daquele momento, deu motivos para iniciar a marcha para a guerra, iniciando um dos arcos mais incríveis das histórias em quadrinhos, tornando-se a implacável líder de Hillptop. Torço para que a Maggie live action amadureça de uma forma concisa, que faça jus à obra original.

- Negan falou menos de dez palavrões.

Resultado de imagem para negan hq palavroes


E infelizmente, tudo se resumiu em "shit" e "holly crap"! "VAI TOMAR CU DA PORRA DA BUCETA FUDIDA DO CARALHO DA MERDA!" O Negan que eu aprendi a amar a odiar não poupava os palavrões! A série precisa perder esse medo de colocar palavras de baixo calão na boca de um personagem que tem os palavrões como marca registrada! Quando mata o Gleen na HQ, um festival insano de palavras sujas é descrito, causando um impacto ainda maior ao fato. Nos Estados Unidos, a série tem classificação indicativa equivalente para maiores de 16 anos no Brasil. Uma pessoa dessa idade com certeza já tem um pacote de palavrões bem conhecido. Dá pra colocar as palavras sem medo!

- O que esperar?



Apesar de, para mim, ter sido um episódio que ultrapassou os limites do bom senso, é necessário recordar que a série somente usa a HQ como base e segue um rumo um pouco diferente. Claramente eu aceito isso, a questão torna-se um pouco mais grave porque, em se tratando de alguns personagens potencialmente bons da história original, a série derrapou. Exemplos como Andrea (ainda viva e par romântico de Rick), Dale (que morreu muito tempo depois do que apresentado na série), O Governador e Michonne estão aí e não me deixam mentir. Espero que a série realmente siga a sua promessa e se aproxime mais de suas origens e não nos decepcione com os grandes novos personagens que vem por aí.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

#42 A Fuga



O tambor rufa.
O baixo toca o som grave.
O acorde da guitarra é leve.
E assim começa uma nova decepção.
Em forma de canção.

É isso mesmo. Está correto. É chagada a hora. Faremos isso essa noite. Do nosso jeito. Tudo bem!
Eu não sei o que é passado. Me leve para o futuro. Chegou a hora de ir. Você está bem?
Vamos fugir. Cometer mais um crime codificado. Por cores. Vamos cortar. E saturar.
Vamos. Me mostre. Algo de dentro de você. Algo que ninguém nunca saberá como é. Uma ilusão. De amor.
E lá vou eu. Como uma estrela solitária. Fugindo. Para muito longe. Para o futuro. 
Estou pronto. Para me render à coragem. Que vem de dentro. De mim. Um outro lugar. Um outro alguém. Talvez.
Estou fugindo. Para fazer as coisas do meu jeito. Tudo bem. Dirigindo pela constelação. Está na hora. Tudo bem!
Não se atrase. Você seria minha salvadora. Faça o seu melhor. Faça o que puder. Para ficar.
O amor é só um ajuste. Um reajuste. Uma bagunça. Mantenha meu nome ao seu alcance. Para quando precisar. Para programar. 
A Fuga.

Dedicado ao meu coração!
(O físico e o emocional)


quarta-feira, 17 de agosto de 2016

#41 Das verdades, a maior farsa




Baseado em decepções reais.

Você é aquele vinho caro que dá prazer no primeiro gole, mas que fermenta na metade da taça.
Você é aquela joia dourada, que muitos acreditam ser preciosa, mas um estudo aprofundado mostra que não passa de uma bijuteria.
Você é aquele curativo, que se arrancado da ferida, machuca mais ainda.
Você é aquela nuvem cinzenta que promete uma tempestade, mas traz apenas uma chuva passageira.
Você é aquela visão, aquela miragem no deserto.
Você é aquele abraço apertado, que parece ser profundo, mas é raso.
Você é aquele livro caro, com a capa espetacular que promete uma grande história, mas não convence já no primeiro capítulo.
Você é aquela música que gruda na cabeça, mas que sai de moda em menos de três meses.
Você é aquele segredo que todos sabem qual é, mas ninguém diz.
Você é aquela paixão platônica, disfarçada de amor.
Você é aquele beijo ardente, mas sem sabor.
Você é aquela coisa passageira que promete ser eterna.
Você é a doença, disfarçada de saúde.
Você é um veneno, disfarçado de remédio.
Você é a beleza por fora, mas é uma penumbra por dentro.
Você sabe convencer, mas não engana a si mesma.
Você aquela pessoa má, usando máscara de pessoa boa.
Você é tudo isso. Muito mais. Disfarçado de muito menos.
Você é dentre todas as verdades, a maior farsa.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

#40 O amor não é justo. O amor nunca foi justo.



O amor é aquele carinha da sua escola, da primeira série, que te xingava de um milhão de palavrões infantis só porque você tinha os dentes da frente abertos. O amor é aquela caixa de morangos que parecem estar maravilhosos e, quando você abre, descobre que todos os que estavam no fundo estão podres. O amor é aquela seção de calças de cintura alta perfeitas, tamanho 32, que não cabem nem mesmo em modelos.
O amor não é justo. E, talvez, o problema resida não no sentimento em si, e sim no timing. Duas pessoas, quando se encontram, têm a possibilidade mínima de se encontrarem no mesmo estágio de vida. Não importa se você é magra, loira e tem os olhos azuis, se o cara não tá a fim de namorar agora. Não importa quantos gominhos você tenha na sua barriga malhadíssima, se o outro te acha um saco. Conheci muita gente e me apaixonei por cada uma delas - paixão é sim, uma forma mínima de amar, por menor que seja. Conheci gente demais em tempos errados demais. Hoje, percebo o quanto estive errado em cultivar mais expectativas do que a mim mesmo. Descobrir-se é a primeira etapa do processo "amar": amar a si mesmo. Amar quem você é, na essência. Decidi aos nove anos de idade que iria ser publicitário. Hoje, percebo o quanto me envergo em caminhos diferentes e alternativos, por poder, livremente, ser o que sou. Cada um de nós deveria, antes de tudo, descobrir-se. Abrir-se ao mundo. Há muito a ser explorado, tanto em sua alma, quanto em seu corpo, quanto em seu bairro - imagina o quanto pode haver no mundo inteiro, então. E, o amor (ok, papo de auto-ajuda, mas que jamais deixará de ser verdade) só é possível quando descobrimos que o outro está ali para somar, e não completar. Não podemos enxergar no outro qualidades que sentimos não existir em nós mesmos - o que cheira a inveja - e muito menos esperar que o outro nos trate como uma mãe ou um pai. Carência demais é doença. Agarrar a primeira coisa que se vê só mostra o quão fraco e necessitado você se torna a cada segundo em que está sozinho. Desejar a companhia de alguém é uma coisa; imaginar o outro como um escravo particular para curar suas inseguranças é outra.
E é por isso, e por tudo que ainda posso ser, que descobri - e, por mais incrível que possa parecer, me apaixonei por esta possibilidade - que não estou pronto para amar. Não estou pronto porque ainda tenho muito a fazer - conhecer o mundo é só o primeiro passo. Sair da sua zona de conforto te traz tanta, mas tanta lucidez que voltar para a caverna torna-se impossível - obrigado, Platão. Construo-me com passos leves, calmos e muito - mas muito mesmo - despreocupados. E acho que esse é o melhor conselho que poderei dar a alguém, quando me perguntarem sobre felicidade.
Vá ser feliz com você mesmo. A única coisa que te merece é o mundo - não somos prêmios particulares, nem bônus de celular, nem números da Telesena. Somos indivíduos que, querendo ou não, doendo ou não, nascemos e morremos sozinhos. Encontrar alguém que, ao invés de nos roubar, queira nos acompanhar nessa jornada, é sua árdua missão particular - recebe-se o que se é refletido. Se atrás de você só tem gente louca, quem está de ponta-cabeça é você (nota particular). Descubra-se. Valorize-se em todos os seus trejeitos. Use algo mais curto (ou mais comprido). Dance. Viaje. E, quando, por poesia - por descuido não, por favor! -, alguém queira ficar, que seja para acrescentar.
Porque o amor não é justo. Mas ele há de acontecer, um dia.


Adaptação
[Texto Original]

quarta-feira, 20 de abril de 2016

#39 Estação Nerd: Review de "Filhos do Éden: Paraíso Perdido"

A análise abaixo contém spoilers do livro Filhos do Éden: Paraíso Perdido. Leia por sua conta e risco.






Incontestável


"Nenhuma opinião é incontestável", disse o mítico Arcanjo Rafael na página 457 do terceiro livro da prequela de A Batalha do Apocalipse, Filhos do Éden, livro do John Ronald Ruel Tolkien brasileiro, do George Raymond Richard Martin de Copacabana, da versão masculina de Joane Kathleen Rowling do Rio de Janeiro, Eduardo Spohr. Baseado na premissa da frase da Cura de Deus, começo essa análise do  melhor livro da trilogia começada em Herdeiros de Atlântida.

Quem está acompanhando a história, desde 2010, como eu, pôde perceber que a cada livro a qualidade da história foi aumentando gradualmente, apesar de eu considerar Anjos da Morte um pouco monótono em alguns pontos, o arco das grandes guerras mundias em que o nosso "soldadinho" Denyel foi protagonista não deixa margem de dúvidas acerca de que Spohr tem sangue frio na busca da perfeição.


A Bíblia das Referências

Paraíso Perdido não decepciona em nenhum ponto em sua primeira parte. O autor fez diferente de muitos outros, fugiu do clichê que muitos gostam de fazer com uma ponta solta deixada no fim de um último livro e um mistério enorme, que não acrescenta nada à história, no início do próximo. Aqui vemos o nosso herói já de cara, em outra dimensão, outra história. A explicação para Denyel ter parado lá onde está é breve e muitíssimo coerente, mesmo assim, não apressando a história.

Se existe um apelido que pode-se dar a Paraíso Perdido, ele se chamaria "Referências". Não foi à toa que citei os autores em homenagem ao Edu no primeiro parágrafo. Quem, como eu, já leu os livros das sagas As Crônicas de Gelo e Fogo, O Hobbit, O Senhor dos Anéis, Harry Potter e também está acompanhando o Universo Marvel nos cinemas pôde sacar as várias referências à essas obras. Nada de plágio. Não, Eduardo Spohr conseguiu com essas referências criar uma realidade própria dentro daquele universo. Ponto para o talento desse brilhante autor.


"Tapa-Buraco"

Ok, chega de bajulações. Paraíso Perdido foi ótimo em tapar os buracos deixados nos outros dois livros e também de A Batalha do Apocalipse. Aqui, chocamo-nos a cada revelação, como saber que Ablon ajudou indiretamente na criação do Terceiro Céu, nos surpreendemos com a missão que Miguel e Lúcifer (esse último merece um parágrafo só pra ele) lhe impuseram. Nos choca também saber a participação do general dos querubins, mesmo que indiretamente também, na morte do Arcanjo Rafael, entre muitas outras coisas que foram esclarecidas (não vou falar todas). Acredito que a rixa entre Ablon e Apollyon poderia ser melhor esclarecida, um pouco mais contextuada para nós já que a obra esclarece melhor o passado do primeiro. "A queda" de Lúcifer também poderia ser mais explorada, também. Quem sabe no futuro?


Lúcifer, eu te amo <3

"Foda-se o politicamente correto, a propósito. É uma praga dos tempos modernos", disse o nosso querido Arcanjo Sombrio na página 502. Na literatura, histórias em quadrinhos e no cinema existem muitos vilões que simplesmente nos recusamos a odiar. Lord Voldemort, Coringa, Magneto, Belatrix Lestrange, Darth Vader, Setrákus Rá... São tantos os nomes, a lista é vasta. Edu consegue fazer algo maravilhosamente profano: com que simpatizemos com o diabo. A astúcia, a esperteza, tudo nele é cativante, nos faz rir, nos faz querer que ele continue ali em algum lugar para quebrar o gelo. Me desculpe, Centelha Divina, se você conseguiu segurar o riso, o mesmo não aconteceu comigo. "Como? Eu sou o diabo, cacete."


Ablon e Ishtar

Na parte dois da obra, nos são esclarecidos vários ganchos de A Batalha do Apocalipse, como o início da amizade entre o Anjo Renegado e Orion, mas cabe dar destaque à relação entre Ishtar e Ablon que realmente é profunda, única. Na Haled eles descobrem sentimentos entre si, descobrem os prazeres da vida, a paixão... É uma história realmente encantadora a desses dois. Não foi claramente explicado como Ishtar e Ablon se separaram no futuro e como ela foi parar na Babilônia. Espero que o futuro nos diga.


Kaira, Denyel e o "fim" de uma história épica

Kaira é daquelas personagens em que o mistério que a envolve chega a nos sufocar, nos fazendo devorar as páginas cada vez mais para que possamos chegar a solução de todo o segredo que cerca sua vida. No fim, descobrimos que ela é uma sentinela, a única capaz de derrotar o invencível Metatron. Um verdadeiro choque é a batalha entre os dois, um duelo de titãs onde a sorte e a perícia duelaram, mas o campeão foi o destino e o acaso foi o vice. Não bastasse nos surpreender até aquele ponto, Spohr mais uma vez nos deixa estarrecidos. Kaira vai ser mãe. Eu bem que desconfiei. (Mentira, não desconfiei). Foi um elemento a mais na história que com certeza deixou a muitos de queixo caído.

Eu tinha plena consciência de que Denyel ia morrer, de um jeito ou de outro. Robert Kirkman, autor de The Walking Dead disse certa vez que "um grande personagem merece uma morte grande, uma morte que seja lembrada pelos fãs". Eu ainda não superei o que vi na edição 100 da HQ, mas isso não vem ao caso. O Dudu, creio eu, estava com três bombas na mão: ou deixava o herói vivo e surpreendia os mais céticos como eu, ou o matava e milagrosamente o trazia de volta (eu tinha esperança), ou o matava de vez. Dito e feito, eis que nos é detonada a bomba mais forte e, como presumi, nosso herói morreu sem chances de volta. Deu sua vida para salvar todos, para salvar seu futuro fruto com Kaira, para mostrar que é disso que são feitos os verdadeiros anjos com honra, honra essa que Denyel teimava em pensar que não possuía. Quer morte mais grandiosa que essa? Méritos! Méritos!


Outros Personagens

Urakin: a parte dedicada ao gigante querubim me surpreendeu, mas sério cara, ele deveria ter tido o que queria, pelo menos uma vez na vida. Mas terminou feliz, é o que importa
Yaga: Filha da mãe, como você ousa me fazer gostar de você, sua megera? Aquela que foi um pé no saco do Denyel se redimiu de forma muito honrada e bonita no fim. Gostei.
Inana: Eu particularmente gostei do arco de Lilith em A Batalha do Apocalipse e, saber que ela tinha uma herdeira parecidíssima com ela até nos sentidos do amor foi muito legal. Essas conexões são de mais!
Sophia: Nunca confiei nela. Por fim, descobri que tenho um ótimo senso de primeira impressão.
Metatron: Muito poderoso pro meu gosto, estava parecendo o Arcanjo Miguel, só que com propostas contrárias.


Imaginação

Cada pessoa, que tem o hábito de ler sempre, tem um padrão de imaginar os personagens, lugares e fatos descritos na narrativa. Como eu disse anteriormente, Paraíso Perdido é uma pedida para quem gosta de ver algumas histórias que já conhecemos por outros ângulos e inseridas num outro universo. Eu por exemplo imagino a Kaira como a atriz Elisabeth Olsen. Na descrição elas são muito parecidas. Loki, Thor, Odin, Sif, Heimdall... Vi todos esses personagens no cinema e a forma como os caracterizei em minha mente foi automática, não consegui os imaginar de outra forma, por mais que o último personagem citado seja descrito como um velhinho, foi impossível não pensar no Idris Elba segurando uma bengala.

Não é uma crítica, muito pelo contrário. Essas referências com certeza ajudam aquelas pessoas que não tem a leitura como um hábito ou tem dificuldades de formar um personagem na mente e não acham prazer em ler. Um belo ponto oculto!


Considerações Finais

Trecho de A Batalha do Apocalipse que considero
como a minha citação favorita de todas as obras
que já li.

Guardo com carinho o meu livro na estante, agora. Faço questão que ele fique no topo da trilogia, em ordem decrescente e A Batalha do Apocalipse á sua frente. O que se têm neste livro é muito mais que uma obra que busca o entretenimento. É uma obra cheia de citações que chocam-se com a nossa realidade, que nos obriga a fazer uma pausa para pensar e refletir várias coisas: nossa vida, amigos, familiares, escolhas, bem materiais. Filhos do Éden é uma dessas sagas que se preocupam em muito mais que ser uma saga. É uma história que nos faz ver o quão insignificantes somos na imensidão infinita deste universo, o quanto os sentimentos podem ser decisivos nas nossas ações, sejam elas certas ou erradas, calculadas ou equivocadas.

Não elogiei você, Eduardo Spohr, para ganhar sua admiração, para ganhar um "like". Não. Te elogio por um ser um jovem talento que sabe dissecar nas páginas aquilo que nossas mentes querem dizer ao mundo. És com certeza, na minha humilde opinião, o único escritor brasileiro que está no patamar das feras que citei no parágrafo inicial dessa review.

Que possamos contar com a sorte, e que em sua mente fervilhe mais idéias, torcemos para que "bata" em você o mesmo espírito que "caiu" em J. K. Rowling e que faz com que elassimplesmente não pare de escrever sobre o universo que ela criou.

Agradeço meu melhor amigo, Laudson, por me indicar a leitura de A Batalha do Apocalipse, e agradeço ao meu pai, que espero estar descansando em paz no Terceiro Céu, por me presentear com essas obras.

Ficou um pouco desconexo eu sei. Um pouco sucinto e bagunçado, talvez, mas o Arcanjo Rafael me ajuda novamente:

"Nada existe."


------------------------------------------------------------------
Clique Aqui e compre o livro na Saraiva
Clique Aqui e compre o livro no Submarino
Clique Aqui e compre o livro na Livraria Cultura

sexta-feira, 15 de abril de 2016

#38 Estação Nerd: A injustiça sobre Batman vs Superman

O texto a seguir contém spoilers de Batman vs Superman. Leia por sua conta e risco.




Infelizmente a constatação é óbvia. Em 2009, quando comprou a Marvel, a Disney começou sem querer uma "maldição" sobre pessoas que são 'fãs' de filmes de super heróis. Agora, segundo a crença popular de quem os vê, todo filme de super herói precisa de um momento cômico ou trocadilho se não ele não presta, perde a graça! Santa paciência! 

Como se já não bastasse viver na era da "imbecivilidade", como se não bastasse ter que ouvir todos os dias que o PT é o único culpado pela zona que o Brasil está, resolveram dar pitaco no meu sagrado entretenimento. Sai zica!




O que venho dizer é o seguinte: os críticos e os haters estão de parabéns pela campanha "anti" que fizeram contra Batman vs Superman. Para os 'intelectuais' (diga-se de passagem), faltou humor no longa, houve muito fanservice, Lex Lutor era um jovem louco sádico e a cena em que o Batman hesita em matar Kal-El só porque a mãe dele também chama-se Martha foi simplesmente patética. Alto lá!




Primeiramente, muita gente carece de saber: A DC não é colorida como a Marvel, não. A DC é sombria, debate questões que os seres humanos costumam omitir, mostra sangue de verdade, briga de verdade, porrada de verdade. Não que a Marvel não tenha e isso e muito menos que eu não goste. Sou fã assíduo da Marvel, mas seu universo cinematográfico é todo suavizado, todo bem elaborado por causa das crianças que o assistem. A DC fez um filme pra adultos em BvS. Bingo!






Quem leu a história original de Frank Miller, quem assistiu a espetacular animação, quem sabe da história de fato saiu da sala de cinema muito mais que satisfeito, saiu com vontade de voltar pra ver de novo. Foi um filme feito pra fãs que querem service, ora, aceitem que dói menos.

O filme não é de ação desenfreada para ter alívio cômico, o filme trata da batalha entre os dois heróis mais conhecidos e amados da história, não há espaço pra brincadeira, porque desde o inicio a briga se mostra séria, é uma briga sobre honra, conduta, ética, moralidade. É uma briga sobretudo por justiça.

Não pense que a batalha entre os dois se resolve em "Sua mãe se chama Martha? Legal, fera, não vou te matar, vamos ser BFF's." Não. NÃO! 

No momento em que está com a lança na mão, pronto para matar o Superman e no momento em que o mesmo diz "Salve a Martha", Bruce Wayne se sentiu sujo, se viu no lugar de Joe Chill, o grande vilão de sua vida, o homem que matara seus pais. Ao ver seu algoz aceitando a morte, mas ao mesmo tempo suplicando para que ele salvasse sua mãe, o Batman viu a imagem do seu pai estirado no chão com o ultimo pedaço de vida sussurrando... "Martha, Martha..." Complicado entender?





Batman vs Superman provou ser muito mais do que 'mais um' filme de super herói. É um filme feito para pensar, refletir, se apreciar uma obra bem trabalhada e bem feita. Ou, como pode-se usar das palavras de Lex Lutor: "esse é um filme grandioso de mais para mentes pequenas."

Por falar em Lex, o vilão de Jesse Eisenberg é perfeito, por mais que os haters tentem desmerecer, sabe porquê? Por mais que a versão original do personagem seja fantástica e caricata, essa nova versão mais jovem e sádica chega para dar um "up" no personagem, mostrando que a DC não vai sempre apostar no 'mais do mesmo.'

Ponto para nós, verdadeiros fãs.



domingo, 10 de abril de 2016

#37 Onde estão os românticos?


Dando uma passeada virtual, noto que os textos que mais chamam a atenção do público são aqueles que falam sobre sentimentos, sobre amor. Gostaria de saber onde vocês se escondem, caros seres humanos indefesos, apaixonados, preocupados com o amor, pois ao meu redor, só vejo super humanos, pessoas que querem vencer, pessoas que não medem esforços para atingir seus objetivos, pessoas que não se sentem inseguras, pessoas sempre felizes, vitoriosas e com sucesso na vida e no amor, resumindo, pessoas focadas em si mesmas. Também vejo pessoas com discurso de ódio político, pessoas que perdem a educação em comentários em redes sociais, pessoas amarguradas, pessoas insatisfeitas, infelizes...
Românticos, onde se escondem? São muitos de vocês preocupados com o abandono, com o amor, com a felicidade, com a reciprocidade, com mágoas...
No mundo moderno não é legal ser romântico, não é? É isso? Não é legal possuir fraquezas, não é legal publicar uma derrota no facebook?
Senta aí, vamos bater um papo sobre o amor.
Depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que o amor nada mais é do que duas pessoas que se conhecem, conversam, conversam cada vez mais até que, se gostam a ponto de a despedida se tornar um desafio. Até o dia em que decidem ficar juntas. É simples e natural assim. Nesta fase inicial, o amor mesmo ainda não está sedimentado, afinal, provavelmente você ainda não conhece bem o outro nesta fase, ao menos que o romance tenha vindo de anos convivendo juntos até que, um dia, aconteceu. Nesta fase inicial, muitos ainda estão com uma espécie de máscara da perfeição, o que não deve ser considerado uma falsidade, mas sim, uma máscara formada através da empolgação do momento, da chama ardente, da felicidade. Neste momento, tendemos a ignorar, a dar menos valor aos problemas já existentes em nossas vidas e então, lançamos o discurso de "nada mais importa se estivermos juntos". Lindo! Lindo mesmo.
O primeiro problema desta história toda é quando não existe reciprocidade. Você percebe que é um desafio dizer tchau a esta pessoa, mas para ela, você nem faz muita falta. Dói não é?


O primeiro pensamento que vem à mente é de desafio. Cria-se uma competição interna onde se passam dias falando com amigos, pesquisando em sites como conquistar alguém e tudo mais. Às vezes, se já sabemos o signo do amado ou amada, até arriscamos saber um pouco mais sobre o outro lendo seu signo. Isso é um bom passatempo... Mas pode ser energia desperdiçada em vão. Quantos de vocês, antes de decidirem optar pela competição da conquista, colocaram bem as cartas na mesa e pensaram sobre quanto valeria sua luta por determinada pessoa? Quantos de vocês já não tiveram relacionamentos onde, no final, pensaram: "Para quê me entreguei de graça a esta pessoa que não me valorizou?"
Parece que o problema central na vida das pessoas é o amor. Músicas sobre amor fazem muito sucesso, textos sobre amor possuem efeitos virais e livros então, batem recordes. O que seria o sucesso de Crepúsculo? A história de vampiros, ou o amor idealizado por trás do drama?
No entanto, o que mais vemos por aí, são discursos de frieza, de desapego, de individualismo, de felicidade sem depender de ninguém... Aos que pregam que o amor não é tão importante assim, a companhia dos amigos é essencial. Já os que priorizam o amor, geralmente estão acompanhados somente de seus parceiros a maior parte do tempo...
Podemos concluir então que as mesmas pessoas que pregam o desapego, são ultra apegadas aos amigos, a festas, a eventos e a manter a agenda lotada nos finais de semana e, desta forma, podemos questionar se existe, de fato, desapego?
O amor possui um buraco garantido a ser ocupado em nossos corações. Podemos até dizer que não precisamos dele para sermos felizes, mas então, arrumaremos outros apegos para tapar este buraco. Amigos, festas, eventos, sociais, jogos... Na verdade, até os solitários querem alguém para poder contar como foi o dia. Seria aí uma parte do sucesso das redes sociais? Uma tentativa de se sentir querido através de uma tela que esconde um quarto vazio?
Eu gostaria de trazê-los a uma reflexão: Em quantos dos problemas amorosos em que se meteram, pensam que poderiam ter sido evitados? Quantos dos relacionamentos que tiveram que não deram certo, ao final, uma voz lá no fundo da consciência, não lhes disse: "Eu bem que te avisei"?
Eu os convido então, a serem mais transparentes com o que querem. Se querem viver um grande amor, sejam isso, vivam isso. Falem, não escondam a vontade. Não adianta pregar o desapego, querendo, bem no fundo da alma, alguém que te diga o quanto você é importante e o quanto faz falta.


Não entrem nessa moda de super heróis nas redes sociais se, quando ninguém vê, ficam lendo textos sobre o amor. Admitir as próprias fraquezas é uma virtude. Pensem bem se as pessoas por quem se sentem atraídos ou apaixonados, valerão mesmo à pena tanto esforço. Tentem separar o que é carência ou ego do que seria o amor.
Muitas vezes nos vemos apaixonados por pessoas que nem combinam tanto assim com a gente, são apenas pessoas que nos dão atenção em momentos que nos sentimos sozinhos, ou após algum término de namoro. Muitas vezes nos vemos buscando ser correspondidos por alguém durante tanto tempo e quando nos perguntam porque queremos isso, nem temos uma resposta apresentável para dar. Isso é sinal de que o ego vem falando mais alto que o coração. Neste caso, queremos ser correspondidos apenas para não nos sentirmos rejeitados.
Quando o esforço é muito grande, possivelmente cicatrizes virão. Nunca devemos forçar o outro a nos dar atenção. Nunca devemos deixar de ser quem somos para atrair o outro. Nunca devemos forçar algo que deveria ser natural. Nunca devemos idealizar algo. Ninguém é tão perfeito que mereça nossos pensamentos 24 horas por dia. Isso tudo tem um preço alto a ser cobrado no futuro...
Deixemos o ego de lado. Nem sempre o exemplo de beleza é a melhor opção para nós. De nada adianta ir atrás de pessoas tão belas quanto as capas de revista, se estas não nos completam, se não combinam conosco. De nada adianta tentar prender pássaros livres. As pessoas possuem momentos. É muito claro quando alguém não está pronto para se envolver, mas nossas emoções não nos deixam ver e então ficamos dando murros em ponta de faca, nadamos, nadamos e no final, morremos na praia. O problema é quando, quem sabe que não é seu momento para se envolver, deixa o outro se iludir...

Quando alguém está pronto para namorar, ou casar, essa vontade vai partir dela. É natural. Não tentem ficar manipulando aquilo que não está sob o controle de vocês. Só Deus sabe o que passa na cabeça das pessoas, não será você que desvendará isso. Portanto, a melhor decisão, é deixar fluir. É deixar que o outro nos observe, que o outro note valor em nós. Romances onde temos que ficar muito tempo tendo que provar nosso valor, geralmente não vão adiante, ou quando vão, ficam na corda bamba. Altos e baixos atrapalhando a paz interior. Tentar forçar uma situação só causa dor, traumas, cicatrizes e muitas vezes, acabam com amizades que iam muito bem até então.
Portanto, meu conselho aqui é sair mais, se divertir mais, viver mais. Ao preencher a vida com coisas que gostamos de fazer, vemos coisas lindas acontecerem, e no final, fica muito mais bonito do que se tivesse saído como planejado. Eu desejo a todos, uma vida repleta de alegrias e aventuras. Desejo que sejam realmente livres das correntes que a sociedade cria e que, se estiverem apaixonados, tenham a coragem de dizer, de mostrar ao mundo. E que, se estiverem na fase do desapego, que isso realmente seja uma vontade interior e não, um discurso da moda. Como bem disse nossa companheira escritora da Obvious, que fez o texto inspirador "Sobre raízes e asas", há aqueles que preferem voar e aqueles que preferem ficar. Eu diria que todos nós somos os dois tipos. Tudo depende das fases de nossas vidas. Às vezes temos nossos momentos de criar raízes, outras vezes temos nossos momentos de voar. Só não tente criar raízes em pessoas que estão em seus momentos de voar. Fiquem calmos se um amor não foi correspondido agora. Continuem vivendo... a vida pode te dar uma rasteira no futuro, portanto, de nada adianta sofrer por antecipação. Vivam intensamente, como se hoje fosse o último dia. Frase conhecida, mas de novo, não dispenso o clichê. A frase é boa mesmo... Se pensássemos mais nela, talvez o tédio da rotina não nos pegasse desprevenidos.




Adaptação
[Texto Original]

terça-feira, 22 de março de 2016

#36 Carta escrita em 2070

Desde que abri o blog em outubro do ano passado tenho vontade de postar esse incrível texto que é de autoria da Revista "Crônica de Los Tiempos" em sua edição do mês de abril do ano de 2002. O texto, em forma de uma carta enviada do futuro é um alerta para a forma como estamos consumindo o bem natural mais precioso do nosso planeta: a água. Não é por ironia que posto este texto neste dia 22 de março, dia em que é comemorado o dia mundial da água. Que fique o alerta. Se preferir ouvir o texto ao invés de lê-lo, há um vídeo disponível abaixo.

"Ano 2070. Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém com 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo.  Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.

Recordo quando tinha cinco anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro... Agora usamos toalhas de azeite mineral para limpar a pele.

Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, devemos raspar a cabeça para a manter limpa sem água. Antes, o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje, os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam CUIDAR DA ÁGUA, só que ninguém lhes ligava - pensávamos que a água jamais podia acabar. 




Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para beber eram oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo e tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado já que as redes de esgotos não se usam por falta de água.

A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele provocadas pelos raios ultravioletas que já não tem a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados.

A industria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-nos em água potável os salários. Os assaltos por um bidão
de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética.
Pela ressequidade da pele, uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40.

Os cientistas investigam, mas não parece haver solução possível. Não se pode fabricar água. O oxigênio também está degradado por falta de  árvores e isso ajuda a diminuir o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se também a morfologia dos espermatozoides de muitos indivíduos e como conseqüência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações.

O governo cobra-nos pelo ar que respiramos (137 m³ por dia por habitante adulto). As pessoas que não podem pagar são retiradas das "zonas ventiladas". Estas estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam a energia  solar. Embora não sendo de boa qualidade, pode-se respirar. A idade média é  de 35 anos.

Em alguns países existem manchas de vegetação normalmente perto de um rio,  que é fortemente vigiado pelo exercito. A água tornou-se num tesouro muito cobiçado - mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há arvores, porque quase nunca chove e quando se registra precipitação, é chuva ácida. As estações do ano tem sido severamente alteradas pelos testes atômicos.

Advertiam-nos que devíamos cuidar do meio ambiente e ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, lhe falo da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder  pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse, o saudável que era a gente, ela pergunta-me: Papai, porque se acabou a água? Então, sinto um nó na garganta.

Não deixo de me sentir culpado, porque pertenço à geração que foi destruindo o meio ambiente ou simplesmente não levamos em conta os tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.

Como gostaria voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar ao nosso planeta terra!"


terça-feira, 1 de março de 2016

#35 Uma palavrinha sobre homossexualismo

Que há tempos a humanidade deixou de evoluir, isso é evidente, mas ao que parece, nos últimos anos ela concentrou todos os seus esforços em terras brasileiras. Essa geração Guaraná Jesus é sem sombra de dúvida a mais chata de toda a história. Não dá pra acreditar que essas mães aos catorze e esses "funkeiros" aos doze são descendentes da turma dos anos oitenta e noventa. Lá naquela época existia diversão, existia piadas e brincadeiras e pouco se reclamava de racismo, homofobia... Homofobia! Eis aí o cerne da discussão de hoje. 



É extremamente INSUPORTÁVEL essa galera que enche o meu saco e quer porque quer que eu engula o estilo de vida deles. Se eu expresso minha opinião acerca do tema, sou contra o ato homossexual em si, mas respeito e vivo minha vida, sou homofóbico. Se eu não concordo com o pensamento de um conhecido gay, sou homofóbico. Se critico a parada gay, da mesma forma que critico o carnaval por deixar as ruas sujas e ser um gasto desnecessário, sou homofóbico.



Para ficar mais claro que a água do Rio Salobra na Serra da Bodoquena: não tenho nada, absolutamente nada contra homossexuais. Tenho amigos homossexuais, apoio a causa e a luta para com a qual eles vem travando contra esse sistema doentio, mas assim como qualquer movimento, sempre existem os parasitas que estragam e põe quase todo o esforço a perder. Assim como a ATEA existe pra denegrir a imagem de uma pessoa verdadeiramente ateísta (aquela que respeita as religiões e as crenças alheias), Jean Willis, Gregório Duviver e Felipe Neto só atrapalham aqueles homossexuais que realmente querem construir algo para si. 




O triste da história toda é que muitos homossexuais lutam como se fossem outro tipo de espécie, outro tipo de raça superior aos héteros, que merecem mais atenção, que precisam estar em todo canto da mídia, da cultura, da voz... Não é por aí que o respeito será conquistado. Tentar combater a raiva com raiva vai gerar mais raiva ainda. Então, não carece de nada todos os homossexuais que lutam por seus direitos (união, família, emprego, etc.) refletirem e analisarem mais as críticas que a eles são dirigidos. Nem toda crítica é homofobia. Nem toda a opinião é preconceito. Nem todo orgulho de ser o que somos é "se achar" superior à outra coisa.



Saber identificar uma crítica construtiva de uma crítica sem sentido é um passo importantíssimo na busca pela sabedoria, não importando a opção sexual, cor da pele, credo ou lugar onde se vive. Por um mundo melhor! Sempre.




Não sou fã e muito menos concordo com a opinião extremista do Pastor Silas Malafaia, mas no vídeo abaixo ele é quem resume, infelizmente, o que o homossexualismo é hoje no Brasil.
(Não poderia faltar uma "zoerinha".)