domingo, 11 de outubro de 2015

#22 A hipocrisia por trás do racismo

Texto sugerido por Cíntia Becker.


"[...] O desdobramento do caso da torcedora do Grêmio, Patrícia Moreira, flagrada gritando ofensas contra o goleiro do Santos, Aranha, torna-se bastante sintomático da maneira como lidamos com a questão do racismo. Aranha registrou queixa na delegacia de polícia e o time gaúcho foi excluído da Copa do Brasil. Em entrevista coletiva, Patrícia pediu desculpas à Aranha e afirmou que não é racista: “Aquela palavra macaco não foi racismo da minha parte. Foi no calor do jogo, o Grêmio estava perdendo”. Outro torcedor, Rodrigo Rychter, que negou ter injuriado Aranha, contra-atacou dizendo que os torcedores somente reagiram às provocações do goleiro."

O fragmento acima é de uma matéria do Jornal El País do dia 16 de setembro de 2014. Nela, o colunista Luis Ruffato nos empresta o seu conhecimento acerca do que acontece no Brasil nos últimos anos: os casos de racismo. O caso da manchete, aliás, é um dos mais famosos casos de racismo da atualidade. Tomada pela "emoção" do jogo, uma torcedora do Grêmio foi flagrada pelas câmeras da rede esportiva ESPN proferindo a palavra "macaco" ao então goleiro do Santos, Aranha. Ele registrou boletim de ocorrência, deu entrevista, disse que não perdoaria a moça pelo ato e que o caso seria resolvido na justiça. Simples assim, a história, como muitas outras esfriou e caiu no esquecimento. Hoje, pouco mais de um ano depois do ocorrido, não temos nenhuma notícia da moça e Aranha caiu no esquecimento esportivo, mesmo sendo transferido para o Palmeiras algum tempo depois. Introdução a parte, temos que realmente reconhecer que o racismo está presente de forma enraizada na sociedade brasileira. Há leis que punem quem pratica o racismo, mas são leis muito fracas, que em pouco ajudam no combate a esse mal. 





Eu, negro, brasileiro, 23 anos, já sofri em toda minha vida três ataques por causa da cor da minha pele. As três no ambiente escolar e uma delas cometida por um professor. Fui educado de maneira sadia, não menos rigorosa por meu pai, que era branco, que o racismo é uma lacuna que jamais será superada na sociedade brasileira. 




Meu pai me ensinou que cabia a mim seguir rumo aos meus objetivos, lutar para superar qualquer barreira que o racismo viesse a impor. Mas, e a hipocrisia que está escondida atrás do racismo? Ela está sendo combatida? Por que brancos de baixa renda não tem mais acesso às universidades particulares através de cotas, como as raciais? Por que chamar um negro de seu negro é racismo, é preconceito, e chamar uma pessoa de pele clara de seu branquelo é brincadeira? Por que chamar uma pessoa de pele escura de preto  é racismo e chamar uma pessoa com albinismo de branquelo azedo é uma piada? É necessário ensinar nas aulas de sociologia e filosofia nas escolas, que as pessoas de pele clara que são vítimas dessa "brincadeira" também são humanas e têm sentimentos. Endeusar uma parte da população (os negros) em detrimento de outra (os brancos) é hipocrisia, o racismo não vai ser combatido assim. Precismos ensinar as crianças desde cedo que todos somos seres humanos. Negros, brancos, asiáticos... todos vivem, amam, sofrem, choram, vão ao banheiro, tem dificuldades, sofrem com o stress... são gente como a gente. Para superar o racismo e os racistas precisamos combater à hipocrisia primeiro. 

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