quarta-feira, 20 de abril de 2016

#39 Estação Nerd: Review de "Filhos do Éden: Paraíso Perdido"

A análise abaixo contém spoilers do livro Filhos do Éden: Paraíso Perdido. Leia por sua conta e risco.






Incontestável


"Nenhuma opinião é incontestável", disse o mítico Arcanjo Rafael na página 457 do terceiro livro da prequela de A Batalha do Apocalipse, Filhos do Éden, livro do John Ronald Ruel Tolkien brasileiro, do George Raymond Richard Martin de Copacabana, da versão masculina de Joane Kathleen Rowling do Rio de Janeiro, Eduardo Spohr. Baseado na premissa da frase da Cura de Deus, começo essa análise do  melhor livro da trilogia começada em Herdeiros de Atlântida.

Quem está acompanhando a história, desde 2010, como eu, pôde perceber que a cada livro a qualidade da história foi aumentando gradualmente, apesar de eu considerar Anjos da Morte um pouco monótono em alguns pontos, o arco das grandes guerras mundias em que o nosso "soldadinho" Denyel foi protagonista não deixa margem de dúvidas acerca de que Spohr tem sangue frio na busca da perfeição.


A Bíblia das Referências

Paraíso Perdido não decepciona em nenhum ponto em sua primeira parte. O autor fez diferente de muitos outros, fugiu do clichê que muitos gostam de fazer com uma ponta solta deixada no fim de um último livro e um mistério enorme, que não acrescenta nada à história, no início do próximo. Aqui vemos o nosso herói já de cara, em outra dimensão, outra história. A explicação para Denyel ter parado lá onde está é breve e muitíssimo coerente, mesmo assim, não apressando a história.

Se existe um apelido que pode-se dar a Paraíso Perdido, ele se chamaria "Referências". Não foi à toa que citei os autores em homenagem ao Edu no primeiro parágrafo. Quem, como eu, já leu os livros das sagas As Crônicas de Gelo e Fogo, O Hobbit, O Senhor dos Anéis, Harry Potter e também está acompanhando o Universo Marvel nos cinemas pôde sacar as várias referências à essas obras. Nada de plágio. Não, Eduardo Spohr conseguiu com essas referências criar uma realidade própria dentro daquele universo. Ponto para o talento desse brilhante autor.


"Tapa-Buraco"

Ok, chega de bajulações. Paraíso Perdido foi ótimo em tapar os buracos deixados nos outros dois livros e também de A Batalha do Apocalipse. Aqui, chocamo-nos a cada revelação, como saber que Ablon ajudou indiretamente na criação do Terceiro Céu, nos surpreendemos com a missão que Miguel e Lúcifer (esse último merece um parágrafo só pra ele) lhe impuseram. Nos choca também saber a participação do general dos querubins, mesmo que indiretamente também, na morte do Arcanjo Rafael, entre muitas outras coisas que foram esclarecidas (não vou falar todas). Acredito que a rixa entre Ablon e Apollyon poderia ser melhor esclarecida, um pouco mais contextuada para nós já que a obra esclarece melhor o passado do primeiro. "A queda" de Lúcifer também poderia ser mais explorada, também. Quem sabe no futuro?


Lúcifer, eu te amo <3

"Foda-se o politicamente correto, a propósito. É uma praga dos tempos modernos", disse o nosso querido Arcanjo Sombrio na página 502. Na literatura, histórias em quadrinhos e no cinema existem muitos vilões que simplesmente nos recusamos a odiar. Lord Voldemort, Coringa, Magneto, Belatrix Lestrange, Darth Vader, Setrákus Rá... São tantos os nomes, a lista é vasta. Edu consegue fazer algo maravilhosamente profano: com que simpatizemos com o diabo. A astúcia, a esperteza, tudo nele é cativante, nos faz rir, nos faz querer que ele continue ali em algum lugar para quebrar o gelo. Me desculpe, Centelha Divina, se você conseguiu segurar o riso, o mesmo não aconteceu comigo. "Como? Eu sou o diabo, cacete."


Ablon e Ishtar

Na parte dois da obra, nos são esclarecidos vários ganchos de A Batalha do Apocalipse, como o início da amizade entre o Anjo Renegado e Orion, mas cabe dar destaque à relação entre Ishtar e Ablon que realmente é profunda, única. Na Haled eles descobrem sentimentos entre si, descobrem os prazeres da vida, a paixão... É uma história realmente encantadora a desses dois. Não foi claramente explicado como Ishtar e Ablon se separaram no futuro e como ela foi parar na Babilônia. Espero que o futuro nos diga.


Kaira, Denyel e o "fim" de uma história épica

Kaira é daquelas personagens em que o mistério que a envolve chega a nos sufocar, nos fazendo devorar as páginas cada vez mais para que possamos chegar a solução de todo o segredo que cerca sua vida. No fim, descobrimos que ela é uma sentinela, a única capaz de derrotar o invencível Metatron. Um verdadeiro choque é a batalha entre os dois, um duelo de titãs onde a sorte e a perícia duelaram, mas o campeão foi o destino e o acaso foi o vice. Não bastasse nos surpreender até aquele ponto, Spohr mais uma vez nos deixa estarrecidos. Kaira vai ser mãe. Eu bem que desconfiei. (Mentira, não desconfiei). Foi um elemento a mais na história que com certeza deixou a muitos de queixo caído.

Eu tinha plena consciência de que Denyel ia morrer, de um jeito ou de outro. Robert Kirkman, autor de The Walking Dead disse certa vez que "um grande personagem merece uma morte grande, uma morte que seja lembrada pelos fãs". Eu ainda não superei o que vi na edição 100 da HQ, mas isso não vem ao caso. O Dudu, creio eu, estava com três bombas na mão: ou deixava o herói vivo e surpreendia os mais céticos como eu, ou o matava e milagrosamente o trazia de volta (eu tinha esperança), ou o matava de vez. Dito e feito, eis que nos é detonada a bomba mais forte e, como presumi, nosso herói morreu sem chances de volta. Deu sua vida para salvar todos, para salvar seu futuro fruto com Kaira, para mostrar que é disso que são feitos os verdadeiros anjos com honra, honra essa que Denyel teimava em pensar que não possuía. Quer morte mais grandiosa que essa? Méritos! Méritos!


Outros Personagens

Urakin: a parte dedicada ao gigante querubim me surpreendeu, mas sério cara, ele deveria ter tido o que queria, pelo menos uma vez na vida. Mas terminou feliz, é o que importa
Yaga: Filha da mãe, como você ousa me fazer gostar de você, sua megera? Aquela que foi um pé no saco do Denyel se redimiu de forma muito honrada e bonita no fim. Gostei.
Inana: Eu particularmente gostei do arco de Lilith em A Batalha do Apocalipse e, saber que ela tinha uma herdeira parecidíssima com ela até nos sentidos do amor foi muito legal. Essas conexões são de mais!
Sophia: Nunca confiei nela. Por fim, descobri que tenho um ótimo senso de primeira impressão.
Metatron: Muito poderoso pro meu gosto, estava parecendo o Arcanjo Miguel, só que com propostas contrárias.


Imaginação

Cada pessoa, que tem o hábito de ler sempre, tem um padrão de imaginar os personagens, lugares e fatos descritos na narrativa. Como eu disse anteriormente, Paraíso Perdido é uma pedida para quem gosta de ver algumas histórias que já conhecemos por outros ângulos e inseridas num outro universo. Eu por exemplo imagino a Kaira como a atriz Elisabeth Olsen. Na descrição elas são muito parecidas. Loki, Thor, Odin, Sif, Heimdall... Vi todos esses personagens no cinema e a forma como os caracterizei em minha mente foi automática, não consegui os imaginar de outra forma, por mais que o último personagem citado seja descrito como um velhinho, foi impossível não pensar no Idris Elba segurando uma bengala.

Não é uma crítica, muito pelo contrário. Essas referências com certeza ajudam aquelas pessoas que não tem a leitura como um hábito ou tem dificuldades de formar um personagem na mente e não acham prazer em ler. Um belo ponto oculto!


Considerações Finais

Trecho de A Batalha do Apocalipse que considero
como a minha citação favorita de todas as obras
que já li.

Guardo com carinho o meu livro na estante, agora. Faço questão que ele fique no topo da trilogia, em ordem decrescente e A Batalha do Apocalipse á sua frente. O que se têm neste livro é muito mais que uma obra que busca o entretenimento. É uma obra cheia de citações que chocam-se com a nossa realidade, que nos obriga a fazer uma pausa para pensar e refletir várias coisas: nossa vida, amigos, familiares, escolhas, bem materiais. Filhos do Éden é uma dessas sagas que se preocupam em muito mais que ser uma saga. É uma história que nos faz ver o quão insignificantes somos na imensidão infinita deste universo, o quanto os sentimentos podem ser decisivos nas nossas ações, sejam elas certas ou erradas, calculadas ou equivocadas.

Não elogiei você, Eduardo Spohr, para ganhar sua admiração, para ganhar um "like". Não. Te elogio por um ser um jovem talento que sabe dissecar nas páginas aquilo que nossas mentes querem dizer ao mundo. És com certeza, na minha humilde opinião, o único escritor brasileiro que está no patamar das feras que citei no parágrafo inicial dessa review.

Que possamos contar com a sorte, e que em sua mente fervilhe mais idéias, torcemos para que "bata" em você o mesmo espírito que "caiu" em J. K. Rowling e que faz com que elassimplesmente não pare de escrever sobre o universo que ela criou.

Agradeço meu melhor amigo, Laudson, por me indicar a leitura de A Batalha do Apocalipse, e agradeço ao meu pai, que espero estar descansando em paz no Terceiro Céu, por me presentear com essas obras.

Ficou um pouco desconexo eu sei. Um pouco sucinto e bagunçado, talvez, mas o Arcanjo Rafael me ajuda novamente:

"Nada existe."


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