quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Ansiedade é frescura. Até te atingir.

Quase 3 anos sem escrever no Perdido na Etiópia! Durante esse tempo eu tive muitas ideias para textos, até os coloquei no papel, mas não os digitei. Enfim, espero que em 2021 eu esteja mais presente, para por alguns pensamentos aqui, e também para acalmar um pouco a minha mente.

Mas, sem rodeios, vamos lá! Por muito tempo - e por motivos religiosos - eu achava que ansiedade e depressão eram coisas que jamais me atingiriam, uma vez que eu tinha o pensamento soberbo de que, tendo Deus no meu coração, nunca seria acometido por essas frescuras. Mas eis que tudo é aprendizado.




Então, o mal do nosso século (além, é claro, da falta de empatia) me atingiu, mesmo que Deus esteja em algum lugar aqui dentro mim. É incrível como um só pensamento sobre nossos problemas diários pode se transformar numa catarata caudalosa de outros pensamentos ruins e acelerados, todos interligados de alguma maneira.

Até pouco tempo atrás, apesar de achar que tinha evoluído nesse sentido, eu secretamente achava que ansiedade era uma coisa muito superestimada, afinal, problemas todo mundo tem. Mas eis que o destino nos ensina valiosas lições, e eu que achava que era altruísta, tomei uma invertida da vida. Vivendo e aprendendo.

Tenho tido alguns problemas pessoais e profissionais e por conta disso, alguns pequenos pensamentos se instalaram no fundo do meu cérebro. Eles começaram de maneira quase que silenciosa, passando pela mente num piscar de olhos, mas depois de um tempo, eles começam a fazer barulho. Um barulho que no começo é de baixa frequência, depois vai aumentando até que, como uma bactéria incontrolável, já dominou todo seu estado de espírito.

É isso que está acontecendo comigo neste momento. Tenho sido movido á fórceps por um medo e pensamentos incontroláveis de que tudo na minha vida vai dar errado. Tenho sempre a impressão de que algo horrível me espera, escondido, em qualquer parte do dia de amanhã, da semana que vem, do mês que vem, seja no trabalho, na rua, na esquina, em casa...

Apesar de toda essa onda de pensamentos que me arrastou no mar da ansiedade adentro, eu consegui refletir e aprender da pior maneira que ansiedade não é e nunca vai ser frescura. Os problemas dos outros sempre parecem menores do que os nossos, até que passemos por situação semelhante. Ansiedade é doença. Depressão é doença. E são os males do nosso século. São doenças capazes de nos tirarem aquilo que mais almejamos no meio desse lamaçal de pensamentos ruins: a paz.

Mas, Weriton, do que depende a paz de pensamento e espírito? Aquilo que eu disse no começo desse texto, que é também algo que falta no nosso cotidiano: empatia. Empatia não é algo que se adquire da noite pro dia. É algo de vivência, que vem de dentro de nós, que nos torna verdadeiramente humanos, com consciência de que nada é perfeito, nada é do jeito que queremos. A vida é o que é. Pronto.

Em suma, acredito que a partir de agora deixarei de julgar certos aspectos das vidas alheias. O destino, ou até mesmo Deus talvez, nos pregam peças. Hoje pensamos que certas coisas são inalcançáveis para as pessoas que somos na altura da vida em que estamos, mas a própria vida está aí para nos mostrar que não é bem assim. Eu estou aprendendo a lição de uma maneira que não gostaria, mas que levarei para a posteridade até o findar dos meus dias. Novamente: para o bem ou para o mal tudo é aprendizado!


Ps: você está com pensamentos sombrios e acha que precisa de ajuda? Ligue 188. Fale. Alguém vai te ouvir.

sábado, 14 de abril de 2018

#51 Os 10 melhores filmes de heróis

Desde 2002, com o lançamento do primeiro Homem Aranha, interpretado por Tobey Maguire, o gênero de super heróis têm ganhado destaque nas telonas da sétima arte. De lá para cá, Marvel e DC Comics investiram pesado em super produções, tendo nomes como Tony Stark, Bruce Wayne e Clar Kent como protagonistas. A Marvel tem se dado melhor que a concorrência, tanto é que o vindouro Vingadores: Guerra Infinita, com estreia prevista para o dia  26 próximo, promete arrasar nas bilheterias. Dito isto, e dado também o momento propício, resolvi montar uma lista com os 10 melhores filmes de super heróis de todos os tempos, incluindo também filmes anteriores ao primeiro Homem Aranha, visto que antes desse tempo, o gênero não tinha tanta aclamação. A lista não inclui o recente Pantera Negra, pois eu ainda não tive o privilégio de vê-lo, mas do pouco que sei, merecia estar aqui. Espero que curtam. Se não concordarem, comentem qual seria a lista de vocês.



10 - Homem de Ferro (2008)



Pontapé inicial do grandioso e rentável Universo Cinematográfico Marvel, o filme inicial do cabeça de lata é um excelente longa de origem de ponta à ponta. O filme foi impecável em nos mostrar um personagem até então não tão conhecido do público em geral. Cabe destacar, claro, a atuação impecável de Robert Downey Jr no papel do playboy bilionário Tony Stark. Uma pena que, depois desse filme, a Marvel meio que derrapou em qualidade de histórias na sua fase um, tento acertado novamente apenas em Capitão América: O Primeiro Vingador e na união de Os Vingadores.


9 - Batman (1989)



Dirigido pelo sonhador Tim Burton, o filme que deu origem a quadriologia noventista do morcegão de Gotham, tem um roteiro primoroso e uma fotografia bucólica. Além da história bem montada e construída, cabe dar destaque às atuações de Michael Keaton (hoje vilão no universo do Home Aranha no MCU) como Batman e Jack Nicholson como o palhaço do crime mais amado dos quadrinhos, o Coringa. Arrisco a dizer, para provocar calorosos debates, que o Coringa de Nicholson seja mais fiel às histórias originais que o de Heath Ledger. Uma pena mesmo é que os dois últimos filmes da quadriologia do Batman dos anos noventa sejam uma grande vergonha alheia.


8 - Logan (2017)



Logan é o primeiro filme da categoria de heróis a ser indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado. Não chega a ser uma vitória, pois a academia se mostra em preconceituosa e injusta com muitos filmes de heróis. O filme marca a despedida de Hugh Jackman do papel do principal mutante dos X-Men. O filme tinha a árdua missão de corrigir as falhas crassas de X-Men Origens: Wolverine e Wolverine Imortal. Com uma história bem construída e sólida, com a excelente atuação de Jackmann e sua química com a pequena Dafne Kenn como a X-23,o filme é cheio de ação e violência medidamente perfeitos. Logan nos deixa em êxtase por sua performance e com muito lamento por saber que Jackman não mais interpretará o carcaju mais sombrio  da casa das ideias. 


7 - Mulher Maravilha (2017)



Maior acerto do altamente criticado Universo Cinematográfico da DC, Mulher Maravilha é sem sombra de dúvidas um grande marco para os filmes de heróis. Embora não seja o primeiro filme protagonizado por uma heroína da história, Mulher Maravilha chega numa época em que a luta pela representatividade está a todo vapor. O longa traz a excelente Gal Gadot no papel da princesa amazona Diana Prince. A história, sob o comando da competente Patty Jenkins, é contada de forma leve e sutil (sem a escuridão de Batman vs Superman), envolvendo quem o assiste a refletir sobre os horrores e injustiças que cercam o nosso mundo. A fotografia e os efeitos especiais estão na medida certa para encher os olhos dos admiradores das amazonas da Themyscira.


6 - Superman (1978)



Se hoje estamos aqui fazendo e lendo uma lista de melhores filmes de heróis, devemos quase tudo à primeira aventura cinematográfica solo do Último Filho de Krypton. Interpretado de forma perfeita pelo grande Christoper Reeve, Kal-El precisa saber qual seu real papel no nosso planeta e assumi-lo sem medo de vencer os desafios que se apresentam para ele. Com uma história cativante e efeitos especias de ponta para a época, Superman é um grande e importante marco - senão o primeiro - das adaptações cinematográficas das histórias em quadrinhos.


5 - Os Vingadores (2012)



Finalmente tivemos uma grande união de super heróis na tela do cinema. Marcando o fim da já citada fase um do MCU iniciado com Homem de Ferro e sucedido pelos péssimos O Incrível Hulk, Homem de Ferro 2, Thor e do excelente Capitão América: O Primeiro Vingador, o longa Os Vingadores nos traz o majestoso encontro dos personagens dos filmes citados, trazendo de bônus os injustiçados Gavião Arqueiro e Viúva Negra (que convenhamos, já passaram muito da hora de terem suas aventuras solo). Em defesa da Terra contra o invejoso irmão de Thor, Loki, aqui interpretado pelo excelente Tom Hiddleston (um dos poucos vilões bons da Marvel), o filme é muito bem montado, fecha alguns arcos iniciados nos filmes anteriores e tem uma história muito cativante. O filme é outro grande marco do cinema dos quadrinhos - e também a maior bilheteria, até o momento, da categoria.


4 - X-Men: Primeira Classe (2011)



Colecionando tropeços com X-Men 3: O Confronto Final, os filmes de origem do Wolverine, e a linha do tempo mais bagunçada que a política do Brasil, a Fox resolveu voltar no tempo e contar como a aventura da trupe mutante começou. Sem o controverso Brian Singer para atrapalhar, Primeira Classe é sem sombra de dúvidas o melhor filme dos mutantes. Com atuações impecáveis e uma química incrível entre James McAvoy, Michael Fassbender e Jennifer Lawrence, citando também a introdução perfeita dos personagens por eles interpretados - as versões jovens do Professor X, Magneto e Mística, respectivamente - o primeiro filme da trilogia prequel dos X-Men é impossível de ser visto apenas uma vez.


3 - Capitão América: O Soldado Invernal (2014)



Segunda aventura solo do Sentinela da Liberdade, o longa tinha a missão de ser bom, depois dos péssimos Homem de Ferro 3 e Thor: O Mundo Sombrio que deram início à fase dois do MCU. Com a direção dos competentes irmãos Russo, o segundo filme do líder dos Vingadores é perfeito em medir a ação séria do conhecido alívio cômico dos filmes da Marvel. Com boas atuações, uma história sombria e efeitos especiais empolgantes, Capitão América: O Soldado Invernal é eleito por unanimidade o melhor filme do MCU até o momento.


2 - Batman - O Cavaleiro das Trevas (2008)



Não dá para fazer uma lista de filmes de heróis sem citar o segundo filme da trilogia do Cavaleiro de Gotham dirigida por Christopher Nolan. Para muitos fãs do morcego, esse filme é sem sombra de dúvidas o melhor da categoria de heróis, e vai ser difícil superá-lo. São muitos os porquês, mas vou citar os principais, começando pelo contexto social da história. Gotham está na mãos de criminosos que não têm nenhum escrúpulo ou compaixão pela vida alheia. Cabe a um Bruce Wayne, em busca de justiça, devolver a paz à cidade. Outro grande porque é atuação incrível de Heath Ledger na pele do Coringa. O que o ator conseguiu fazer é raro de se ver no cinema e muito difícil de explicar em poucas palavras. A morte de Ledger, alguns meses antes do lançamento do filme, faz com que lamentemos e muito a perda da estrela em ascensão e também a contribuição que ele poderia ter trazido no terceiro filme. Há outras excelentes atuações no longa que não ganham tanto destaque, tamanha a imponência de Ledger na trama, como Aaron Eckhart e o seu ótimo Duas Caras e Maggie Gyllenhaal como Rachel Dawes. Para mim, o único problema do filme, e da trilogia em geral é Christian Bale. Ele foi um excelente Bruce Wayne nos três filmes. Mas pecou como Batman. Por mais que muitos neguem, seja por medo de serem zoados, seja por ódio gratuito, o Batman/Bruce Wayne atual vivido por Ben Affleck é muito mais fiel ao material de origem. Mas o fato de Bale não ter sido um bom Batman não tira a importância desse filme, que é respeitado por muitos, até mesmo quem não é fã de heróis.


1 - Watchmen (2009)



O primeiro lugar dessa lista é controverso e com certeza vai gerar muitos debates, talvez até algumas tretas, mas não deixa de ser compreensível. A história de Watchmen é complexa, e para quem não está acostumado com essa linha narrativa, assistir um filme de quase três horas, carregado de filosofia, não é um lazer prazeroso. Coloco o longa no topo dessa lista por várias razões. O filme tem discussões de níveis sociais, culturais, debate crises entre governos e seres humanos. No meio de toda a tensão vivida no mundo explorado pelo longa, surge uma equipe, não de heróis, exatamente, mas de certa fora, anti-heróis, que procuram fazer o que é correto face aos conflitos do ambiente da história. Dirigido pelo visionário e incompreendido Zack Snyder, Watchmen procura ser o mais fiel possível a história original feita pelo saudoso Alan Moore. Sem dúvida nenhuma o filme, que hoje tem um status de cult para boa parte do público, foi um filme muito injustiçado na época de seu lançamento, por ser um filme "infilmável". Mas não foi, e pelas razões citadas, e muitas outras que fariam a sessão aqui ser comprida demais para ler, Watchmen é, sim, o melhor filme de heróis já feito.


Menções honrosas: Como a lista abrange apenas dez filmes, tenho que citar outros que ficaram de fora e, que com toda certeza, podem substituir outros nesta lista, baseados em opiniões pessoais. Outros excelentes filmes de heróis são Guardiões da Galáxia (os dois lançados), Deadpool, Batman vs Superman, Homem Formiga, Pantera Negra  (que eu ainda não vi, repetindo, mas que todos que ouvi, dizem ser excelente), X-Men: O Filme e tantos outros.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

#50 A decadência mental dos veganos

Antes de começar, é necessário que se veja o vídeo a seguir para compreender a crítica.




Quando a gente pensa que a humanidade não pode ir além do fundo do poço, a própria vem e mostra o contrário. Enfatizei isso no post anterior sobre o caso da J. K. Rowling ter se pronunciado sobre a permanência do Johnny Depp no próximo filme da saga Animais Fantásticos: o ser humano não está progredindo, pois a ignorância está concentrando seus esforços no politicamente correto. E alguns veganos estão tirando isso ao pé da letra.

No vídeo é possível observar uma moça histérica, ao que parece, próximo a um frigorífico, tentando impedir a chegada de caminhões com bois para o abate. Desde que surgiu, o ser humano é onívoro por natureza. A história, sempre disposta a ensinar quem quiser aprender, nos diz que, antes de sermos dotados de evolução, sobrevivíamos no mundo, com o que a natureza nos oferecia, o consumo de carne animal aí incluído. 

Ou seja, o homo sapiens não sobrevive apenas de plantas, frutos, verduras e legumes. O consumo de produtos de origem animal vem de muito tempo, desde antes da ignorância dominar o nosso pequeno planetinha azul. É fato. Está nos livros de história. Estudamos isso. Mas hoje em dia, é mais fácil fechar os olhos e se fazer de babaca do que enxergar a verdade.



Se o comportamento da moça do vídeo não for uma doença muito séria, eu não sei mais o que pode ser. Reitero aqui que, nem todos os veganos são chatos, mas posso dizer que a maioria deles são um bando de, com o perdão das palavras, paus no cu. A maioria dessas pessoas não tem mais pelo que lutar, vivem em mundo de marasmo que tem como acompanhante fiel a decadência mental.

Tenho quase certeza que a mulher do vídeo ao dizer que está "cansada da nossa sociedade doente", mente. É da nossa natureza se afastar daquilo que imediatamente não suportamos, a verdade é essa.

A mocinha do vídeo apenas se aproveita e suga de todas as beneficies do convívio social criado pela nossa espécie, enquanto critica a mesma sociedade da qual é visceralmente dependente.  Me pergunto aqui: ela abre mão das roupas que usa?  Abre mão dos tratamentos médicos que precisa? Abre mão do transporte mecanizado? Das construções às quais vive? Não, ela não abre mão de exclusivamente nada, exceto a proteína animal. Tudo para quê mesmo? Satisfazer o seu devaneio de 'superioridade' mental/espiritual.



Me dirijo aqui a todos os veganos militantes, como a moça do vídeo: não estão satisfeitos com a nossa sociedade? Caiam fora! Simples, assim! A porta da rua é serventia da casa. Vão viver peladões no meio do mato com os demais animais que, como a moça diz, serem "filhos" dela. Não dou uma semana para que vocês morram de fome ou então, morrerem devorados pelos próprios animais que vocês demasiadamente amam. 

Mas não, não é? É mais fácil bancar o superior e querer enfiar goela abaixo de todo mundo as suas verdades, não é mesmo? Agora, se os veganos militantes - para quem esse texto está sendo direcionado, reitero - resolveram abdicar da proteína animal, então do mundo também é obrigado a abdicar, afinal de contas, os veganos são seres iluminados e superiores, que sabem exatamente como toda a nossa espécie deve viver.

Geralmente, esses pobres coitados que concentram toda a empatia inerente e exclusiva da humanidade em animais, tratando eles como "criancinhas da mamãe" têm diversos problemas de socialização. Simplesmente não conseguem conviver com outros seres humanos de mesma capacidade cerebral que não se submetam as suas vontades e desejos ditatoriais. Então, por não conseguirem conviver com outras pessoas, direcionam toda a sua energia ao relacionamento com animais, relacionamento esse que é de mão unica, de "subserventia".

Confinam especies como cães e gatos em prisões de luxo, somente para satisfazer a própria carência, enquanto mentem para si mesmos ao dizerem que isso é algo bom para o animal. Para a moça do vídeo: quantos seres humanos ela já ajudou em sua vida, provavelmente vazia? Já alimentou um morador de rua? Já presenteou uma criança pobre no natal? Já acalentou uma pessoa enferma?



O vegano militante é, definitivamente, o tipo de pessoa mais chata e desinformada que existe, superando inclusive, quem gosta de defender político. Eles não tem a minima ideia de que lavouras causam um impacto muito maior na vida animal do que os pastos, galinheiros, chiqueiros e aquários. 

Há, inclusive, um documentário, cujo o nome não me vem a mente agora, mas que é bastante famoso, e foi produzido por um vegano, durante muito tempo ele dedicou um tempo da sua vida para visitar os campos e verificar os tipos de impacto que os carnívoros e os próprios veganos causam no meio ambiente e, por conseguinte, na vida animal. No documentário ele constatou o que nenhum vegano militante gostaria ou tem coragem de assumir. O documentário, infelizmente a época foi duramente criticado pela militância vegana e boicotado. Atualizo o post ao lembrar do nome.

Por fim, deixo aqui um conselho rápido e básico para você, vegano militante: pare de querer mandar em como os outros devem viver e vão viver a vidas de vocês.

sábado, 9 de dezembro de 2017

#49 Um brinde a sociedade hipócrita que reclama da hipocrisia

Há sérias evidências de que o ser humano não progride. A hipocrisia - e a estupidez, por que não? - tudo indica, não têm limites e resolveram concentrar seus esforços na maldição milenar chamada politicamente correto. É necessário que se trave uma guerra sem acordos ou tratados de paz com essa gente tacanha que dedicam suas vidas miseráveis a enfiar o nariz onde não são chamadas. Não dá mais pra aceitar calado que o mais retrógrado seja estabelecido como avanço, muito menos que esses discursos reacionários e segregacionistas usem como disfarce a defesa dos direitos e das minorias. Esse povo é do mal.



A última entre muitas cerejas do bolo se dá no caso da escritora britânica J. K. Rowling ter se posicionado quanto a presença de Johnny Depp no próximo filme da saga de sua autoria, Animais Fantásticos, spin-off de Harry Potter. O eterno Jack Sparrow se envolveu numa polêmica com a sua ex mulher, a atriz Amber Heard, que o acusou de ser constantemente violento e de a agredir no tempo em que o relacionamento dos dois durou. 


Bastou o caso vir à tona, sem que detalhes maiores fossem dados, que os justiceiros digitais apareceram para defender a moça, sem chance de Depp se explicar. Não que ele teria que explicar o inexplicável, caso realmente tenha agredido a moça, mas o desenrolar do que aconteceu depois, fez a turminha do bem ficar um pouco cega e pisar nas próprias palavras. Algumas semanas depois de ter denunciado o marido, a polícia de Los Angeles disse Heard não estava ferida no suposto caso de agressão. Os advogados da atriz disseram que os policiais haviam testemunhado a agressão, o que foi corroborado pela polícia depois. Misteriosamente, Amber Heard apareceu numa audiência com rosto manchado por supostas agressões de Depp



Mas não adiantou nada, os justiceiros estavam convencidos de sua sentença digital: Amber Heard era a mocinha e Depp o vilão, que nunca mais, na concepção deles, deveria ser escaldo para um papel, mesmo que fosse de coadjuvante. Mais cega ainda ficou a turminha do politicamente correto quando o teto de Heard mostrou-se ser de vidro. Alguns anos antes, mais especificamente em 2009, a atriz foi presa por ter agredido sua namorada no aeroporto de SeattleOu seja, a lei que vale pra um, não vale pro outro que cometeu o mesmo crime, quase numa situação semelhante. Por que será?

Vamos voltar agora a Rowling. 
A autora de Harry Potter declarou essa semana que aceita que "haverá aqueles que não estão satisfeitos com nossa escolha de ator no papel. No entanto, a consciência não é governável por um comitê. Dentro do mundo fictício e fora dele, todos temos que fazer o que acreditamos ser a coisa certa." Rowling ainda explicitou em sua opinião que após as denuncias da ex mulher de Depp, chegou a reconsiderar que, talvez, o intérprete do personagem por ele vivido nos filmes deveria ser substituído. Porém, segundo ela, após longas conversas que foram feitas, decidiram que o Depp continuaria nos filmes.



A autora disse ainda que é "difícil, frustrante e às vezes dolorosa" a "incapacidade de falar abertamente aos fãs" sobre o assunto". E continuou, de forma magistral, como um ser humano que pensa em várias vertentes: "No entanto, os acordos que foram feitos para proteger a privacidade de duas pessoas, que expressaram o desejo de continuar suas vidas, devem ser respeitados.Pronto, a declaração da autora foi uma deixa para que os carniceiros da internet saíssem da toca para ataca-la sem pudor. Alguns se mostraram decepcionados com a colocação dela, outros ameaçaram até de queimar livros que possuem da autora e boicotarem também o próximo filme da saga Animais FantásticosInteressante que, esses mesmos que disseram que irão boicotar o filme, não boicotaram nenhum trabalho de Amber Heard, já que ela agrediu sua parceira também. O próximo trabalho de destaque dela será Aquaman, e com certeza não será boicotado por ter uma agressora no elenco.

Essa mesma turminha que critica os erros dos outros é aquela que adora criticar pessoas que não dão uma segunda chance para quem erra. Sim, hipocrisia total. Essas pessoas, algumas sem perceber, acabam estimulando uma chatice, uma rotulação de um mundinho perfeito. Esses beócios acham que com suas opiniões do que é certo (e ai de quem discordar) eliminarão os problemas do mundo por decreto. Isso não é só um pensamento absolutista, por assim dizer, mas tem também o efeito contrário de diminuir os problemas da nossa sociedade, como a agressão as mulheres e homossexuais, racismo, xenofobia e outros. Por omissão, prevalece essa sociedade doente, cada vez mais inerte em situações inúteis, que de nada contribuem para a sua evolução.




Para finalizar, deixo aqui o pensamento do escritor francês Roland Barthes: "fascismo não é impedir de dizer, mas obrigar a dizer." Aconteça o que acontecer, quando vermos alguns hipócritas reclamando da hipocrisia do mundo, não podemos mais ficar calados. Essas pessoas tem que ser banidas por enfiarem as suas patas imundas na expressão da arte e da liberdade. Elas são nojentas.

Um brinde a nossa sociedade hipócrita que reclama da hipocrisia.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

#48 Demolição: Quando o inteiro não vive pela metade.

Você é mais do que você consegue enxergar. Você é inteiro, não pode viver pela metade. Essa é a mensagem que o filme Demolição, estrelado pelo sempre excelente Jake Gyllenhaal, passa. Você está num casamento, porque a vida te obrigou a isso. No fundo, você gosta da sua esposa, mas não se sente completo com ela. 



Aí vem o destino e trata de fazer você enxergar a merda que a sua vida vem se tornando. Você e sua esposa estão no centro da cidade conversando no carro sobre como, no fundo, a vida de vocês não é plena como aparenta ser. Um acidente acontece. Ela morre. Você fica indiferente a isso. O que você se torna?



Na busca por uma resposta, o personagem Davis Mitchel, que é um administrador de sucesso, encontra várias indagações e respostas que são demais até  pra ele. No decorrer da história, ele descobre a si mesmo através de emoções que jamais imaginou sentir.



Como por exemplo, descobrir o que há dentro de todas as coisas, desmontá-las peça por peça e descobrir a essência daquilo. Conforme vamos mergulhando no roteiro, percebemos que a mensagem passada é simples: precisamos nos desmontar para descobrirmos se vivemos de maneira plena ou se estamos apenas existindo.



Ao descobrir que é uma pessoa inteira que viveu boa parte de sua vida pela metade, David passa a trocar cartas com a responsável por uma máquina de refrigerantes, que estava no hospital onde a sua esposa morreu. A atendente Karen Moreno (Naomi Watts) passa então a ser parte fundamental na vida de Davis ao responder as cartas pessoalmente.




Davis começa então a observar na vida dela, todas as sensações que a sua vida própria lhe subtraiu. Com o filho de Karen, Davis passa viver emoções incríveis a si mesmo, como levar um tiro, destruir a própria casa com marretas e uma pá carregadeira e assistir a implosões de prédios. Ele ainda atua como mentor do rapaz, que passa pela 'transição' de ser aceito ou não por si mesmo por causa de sua opção sexual.



Com o tempo, Davis descobre que é tão plenamente inteiro em sua vivência, que acabou por esquecer de viver seu casamento, mesmo que sua esposa estivesse com ele todos os dias. Ao descobrir, de uma forma dolorosa, que a única coisa que sua esposa esperava dele era amor, uma vida, uma família, ele enxerga então que foi inteiro para si mesmo em excesso, e busca corrigir essa falha para com ela, mesmo ela não estando mais em vida.




Em suma, Demolição é um filme que ensina que não podemos viver pela metade se somos inteiros. Se inteiros somos, devemos viver nossas vidas voando no ar, não com os pés no chão. Se uma pessoa inteira ama, nunca será pela metade. Se ela sofre, nunca será por por pouca coisa. Que possamos viver a mensagem transmitida pelo longa da forma mais plena possível, para que a nossa vida seja vivida, não apenas 'existida'.



sexta-feira, 18 de agosto de 2017

#47 Eu não quero ter filhos. E não sou um monstro por isso!

Podemos até ser livres, ou nos considerarmos assim, mas a verdade é que estamos presos à amarras invisíveis que se apoiam nas desculpas das tradições culturais. Ter filhos é uma delas. Por mais que o nosso tempo seja um período em que preconceito com quem questiona o padrão nesse quesito começa entrar em processo de diminuição, muita gente ainda te olha como um ser de outro planeta quando você diz as seguintes palavras: “Eu não quero ter filhos.”







Minha mãe vive a me cobrar netos. Volta e meia, quando ela e eu estamos tomando uma cerveja e batendo papo sobre relacionamentos, a pergunta corriqueira sai como um script: "E quando vou ter a minha netinha?" Eu desconverso, não quero frustrar esse pequeno sonho dourado dela. A bem da verdade é que hoje com quase 26 anos de idade eu me decidi por hora: não quero ter filhos.

Ao longo de toda a minha maioridade eu aguardei o tal instinto paterno bater na porta do meu coração. Hoje, acredito que ele nunca vai aflorar. Não que eu não goste de crianças, praticamente ajudei na criação do meu irmão de 10 anos, mas nunca senti vontade de ter os meus filhos próprios. E isso não me torna um monstro, como muitos devem pensar.

Um filho é uma carga exigente de responsabilidade, responsabilidade essa que muitos jovens da minha idade não tem condições (sejam elas emocionais, psíquicas ou financeiras) de carregar. Um filho exige tempo. Um filho exige paciência. E nos dias atuais, com o estresse reinando em nossa sociedade, nunca estivemos em tal estado de criticidade com a falta de tempo e paciência.


Minha cara quando me perguntam onde
estão meus filhos.


Que ser humano racional vai escolher colocar uma criança num mundo onde pessoas querem que você engulas suas crenças e ideias goela abaixo?  Que tipo de pessoa põe uma criança num planeta ameaçado com questões climáticas, sociológicas, politicas e raciais em plena ebulição?

Meus filhos, aqueles que eu não quero ter, precisam viver num mundo onde o respeito, a igualdade e a solidariedade imperam. Claramente, isso é sonhar em viver num conto de fadas, mas educar um filho é dose pra leão. E eu tenho muitas séries pra por em dia.

Que fique claro: não quero que as pessoas parem de procriar, isso é o meu ponto de vista. O nosso mundo, a nossa economia, a nossa tecnologia e outros campos precisam e vão precisar de pessoas jovens para que seus respectivos progressos continuem.

A questão que aqui quero expor é que eu e mais algumas pessoas neste mundo não somos obrigados a ter filhos. Como diz a minha mãe, eu não sou todo mundo. Há pessoas que precisam lidar com a própria vida antes de terem que se dedicar a outra. 


Pai de cachorro é a única chance de filho 
que quero no momento.


Fico a me perguntar, se de repente, não querer ter filhos fosse visto como uma escolha tão comum quanto não querer cortar as unhas, quantas pessoas teriam escolhido resolver seus problemas primeiro em vez de envolver mais um serzinho neles? Ou seja, a questão acaba sendo a de não querer ter filhos – é ter o direito de escolher se quer tê-los, sem precisar prestar contas para um monte de gente que não sabe o que você vive, não conhece a sua percepção de realidade.

Querer ter filhos é uma escolha que precisa vir do coração, da mente, do corpo. Não pode ser uma decisão tomada com base no que diz o seu amigo que acabou de ter um casal de gêmeos ou da sua mãe que espera por um neto desesperadamente. Fazer as nossas escolhas ao invés de ir pra onde leva a maré é a melhor garantia de uma vida mais plena e alegre e, o mais importante de tudo, sem arrependimentos.

Não quero ter filhos. E não sou um monstro por isso!

terça-feira, 2 de maio de 2017

#46 Quando eu voltar



Captura de tela 2014-09-17 às 23.33.24.png

Quando eu voltar vou entender melhor o valor do tempo. O tempo cura, o tempo judia, o tempo responde, o tempo ajuda e o tempo ensina a ter paciência.
Quando eu voltar estarei ainda mais curioso para conhecer coisas novas. Não pense que vou voltar em algum molde. Sabe aquela banda que você achou que eu nunca escutaria? Aquela comida que eu dizia que não gostava? Agora eu escuto e agora eu gosto.
Quando eu voltar vou me sentir um pouco deslocado. Mudei tanto. Irão perceber.
Quando eu voltar serei ainda mais inconformado com problemas sociais. Todos. Até com o vizinho que escuta música ruim no volume máximo.
Quando eu voltar vou entender melhor tudo o que os meus pais já fizeram por mim. “Um dia você vai dar valor”, é mãe, esse dia chegou.
Quando eu voltar vou aceitar muito mais as diferenças. Sem balelas. A verdade é que todos nós somos um pouquinho preconceituosos.
Quando eu voltar não vou ter mais paciência com fofoca e disse-me-disse. Não é metidez, é só falta de interesse mesmo.
Quando eu voltar estarei mais corajoso. Numa longa viagem precisamos ter muita coragem. Não têm frescura, você vai e faz. E eu fui, e fiz.
Quando eu voltar vou filtrar minhas amizades. Terei novos amigos pelo Mundo todo, mas também saberei entre os velhos, quem são os para a vida toda.
Quando eu voltar vou ter um autoconhecimento profundo. Depois de tantos lugares, pessoas, culturas, quem acabei conhecendo de verdade, foi eu mesmo.
Quando eu voltar vou ter entendido que o amor não está na chegada ou na saída, está no caminho que leva de um para o outro.
Quando eu voltar vou estar mais maduro e com um milhão de ideias para colocar em prática. As oportunidades estão aí, basta enxergá-las.
Quando eu voltar vou cuidar mais da minha casa. Aprendi que quanto mais gostamos do nosso lar, mais gostamos da vida.
Quando eu voltar serei tão mais tranquilo. Problemas, aprendi a lidar.
Quando eu voltar vou saber apreciar as coisas simples da vida. Um céu azul, uma flor cheirosa em casa, um cachorro fazendo festa, um cheirinho de café pronto.
Quando eu voltar sei que nunca mais vou me sentir inteiro. É como se eu não pertencesse à lugar nenhum. Eu sou do Mundo agora.
“A saudade é a alma dizendo para onde ela quer voltar”,  né não, Rubem Alves?
O tempo não volta e isso é verdade. Mas eu volto.
Quando? De onde? Não sei.
Mas ah quando eu voltar...


Adaptação [Texto Original]